Pode parecer mentira, mas acredite o leitor que ouvi a frase acima de uma encarregada de produção dirigindo-se a uma colaboradora que lhe foi dar uma sugestão de melhoria no processo de fabricação.
Ao ouvir o comentário de sua chefe, a colaboradora simplesmente voltou ao seu posto de trabalho, sem dizer uma palavra.
Conversando com colegas, supervisoras e outras encarregadas constatei que aquela colaboradora não era do tipo inconveniente que em vez de trabalhar e cumprir suas tarefas ficava o tempo todo dando palpites e sugestões no trabalho alheio. Pelo contrário, me disseram as pessoas, essa colaboradora era uma das melhores funcionárias da produção.
Durante o almoço, na própria indústria, me sentei próximo à colaboradora e perguntei a ela qual seria sua sugestão de melhoria. Constatei que a sugestão era muito oportuna. Quando perguntei a ela como havia se sentido frente à resposta de sua encarregada, ela simplesmente disse: Aqui é assim mesmo. Paciência!
Sinceramente pensei que esse comportamento das chefias havia desaparecido há muitos anos. Pensei que depois de tantos treinamentos que as empresas têm feito, as pessoas em nível de chefia tivessem mudado e compreendido que ninguém é dono da verdade e que não se chega ao pódio sozinho.
Um dos maiores fatores de motivação no trabalho é ser ouvido, participar, poder sugerir. E é claro que as pessoas que estão com a mão na massa, na lide, terão sempre melhores sugestões de melhoria de processos do que quem está mais distante daquela realidade concreta. Assim, é preciso ouvir.
Fazendo uma discussão com colaboradores de chão de fábrica, muitos me disseram que suas ideias não são consideradas e prestigiadas, mas em seguida seus chefes as colocam em prática dizendo à diretoria ter sido eles (os chefes) os autores da ideia.
Sem dar crédito a quem realmente merece, as chefias criam um ambiente impeditivo da criatividade e da inovação. Ninguém mais dará ideias que sabe que serão roubadas e sobre as quais outras pessoas ganharão elogios e até bônus. É preciso mudar. É preciso perder o medo de ouvir.
- Você ouve seus colaboradores? Ou acredita que só você tem ideias boas?
- Você compete com seus subordinados? Ou vê neles companheiros de trabalho?
- Você dá credito a quem merece? Ou tem o hábito de furtar ideias alheias?
- Você elogia? Ou acredita que ser chefe e encontrar defeitos no trabalho de subordinados?
Pense nisso. Sucesso!
Autor: Luiz Marins