Foi aprovada a comercialização de um novo medicamento para esquizofrenia no Brasil. Desenvolvido pela Janssen, o palmitato de paliperidona trimestral é a primeira injeção de ação prolongada com apenas quatro doses ao ano.
O produto chega ao mercado brasileiro como uma opção para aumentar a adesão ao tratamento, prevenindo as recaídas e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
Segundo dados oficiais, a esquizofrenia afeta cerca de 23 milhões de pessoas em todo o mundo. Estima-se que entre 40% a 71% dos pacientes com esquizofrenia não seguem corretamente o tratamento. A baixa adesão é uma das principais causas para as recaídas que ocorrem em, aproximadamente, 80% dos pacientes com a enfermidade em cinco anos.
Os novos surtos psicóticos representam uma sobrecarga significativa tanto para pacientes como para as suas famílias. Para os pacientes, podem ter repercussões muito graves, como deterioração cognitiva progressiva, comprometimento nas relações interpessoais e redução da qualidade de vida. Além disso, a cada episódio a recuperação pode ser mais lenta e o transtorno pode se tornar mais resistente ao tratamento.
Nos estudos realizados com novo o remédio, mais de 90% dos pacientes que receberam o tratamento injetável no novo esquema posológico não apresentaram recidivas no período de um ano e meio.
Mesmo já tendo sido aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o medicamento somente estará disponível para os consumidores brasileiros depois de receber aprovação de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, o que deve acontecer dentro dos próximos três meses.
O produto está aprovado para o tratamento da esquizofrenia em pacientes adultos que já tenham sido adequadamente tratados com a injeção mensal de palmitato de paliperidona por, pelo menos, quatro meses.
Palmitato de paliperidona
A paliperidona é a substância ativa dos medicamentos com os nomes comerciais acima expostos. É metabólito ativo da risperidona, antipsicótico atípico que liga-se a vários receptores diferentes, interrompendo o sinal transmitido entre células cerebrais. Atua, principalmente, bloqueando os receptores para os neurotransmissores de dopamina e 5-hidroxitriptamina (serotonina), que estão envolvidos na esquizofrenia. Através do bloqueio destes receptores, a paliperidona ajuda a normalizar a atividade cerebral e a reduzir os sintomas psicóticos.
Sua forma de apresentação é em comprimidos revestidos de liberação prolongada de 3 mg, 6 mg ou 9 mg e em seringas preenchidas de 0,25 ml, 0,50 ml, 0,75 ml, 1,0 ml e 1,5 ml com 100 mg/ml de paliperidona.
Fármacos injetáveis reduzem a mortalidade em pacientes
Os pesquisadores do Karolinska Institutet realizaram um estudo baseado em registros de 29.823 pacientes suecos que tinham entre 16 e 64 anos em 2006 e que foram diagnosticados com esquizofrenia entre 2006 e 2013. Cada indivíduo foi usado como seu próprio controle para eliminar o viés de seleção que poderia ocorrer de outra forma. Isso ocorre porque os pacientes que estão mais gravemente doentes são frequentemente tratados com outras drogas do que aqueles que não estão tão doentes.
Foram analisados quais medicamentos os pacientes haviam sido usados e, se admitidos no hospital novamente, tentaram suicídio, pararam de tomar os seus remédios ou morreram.
“Vimos diferenças consideráveis entre os vários tratamentos antipsicóticos. A clozapina e as injeções de ação prolongada estavam ligadas aos melhores resultados”, diz Jari Tiihonen, médico especialista e professor do Departamento de Neurociência Clínica do Instituto Karolinska.
O risco dos pacientes terem sido readmitidos no hospital foi cerca de 20-30% menor se os pacientes receberam injeções de longa duração de drogas antipsicóticas, em comparação com os pacientes que recebiam a mesma medicação, mas oralmente. Essa diferença foi observada em particular nos pacientes que experimentaram o primeiro episódio.
“Nossos resultados indicam que o risco de o paciente ser admitido no hospital varia novamente entre diferentes antipsicóticos”, diz Jari Tiihonen.
Entre as conclusões, o estudo aponta também que os fármacos injetáveis reduzem a mortalidade em 33% na comparação aos comprimidos tomados diariamente.
Fonte: PEBMED
Autora: Úrsula Neves