Apesar da crise econômica decorrente da pandemia da covid-19, as indústrias farmacêuticas nacionais preveem um crescimento de 5,69% em 2020, de acordo com o Sindusfarma. Esse aquecimento deve atenuar a queda no PIB brasileiro deste ano.
Numerosas enquetes afirmam que a população redescobre o valor da Ciência neste momento: os olhos e câmeras estão voltados para dentro dos laboratórios, na expectativa por boas notícias em relação à evolução da vacina contra o coronavírus. Em anos passados, esse interesse se limitava a notícias sobre o lançamento de um ou outro produto revolucionário.
E não é para menos. Atualmente o Brasil tem, no mínimo, cinco vacinas nacionais em fase de desenvolvimento ou testes (do Instituto Bio-Manguinhos, UFPR, UFMG e UFSC em parceria com UFMG e Instituto Butantan). Para atender essa intensa demanda, fornecedores da indústria farmacêutica precisam de agilidade. Um equipamento como um bloco customizado, por exemplo, que levaria 60 dias para ser entregue, hoje precisa estar na mão dos pesquisadores em 15 dias. Para isso, a proximidade do cliente por meio de telefonemas ou visitas, na medida do possível, se mostra a melhor forma para suprir as necessidades no exato momento em que elas surgem.
Outro movimento que vem sendo notado é a antecipação e adequação das plantas para a produção, envase e distribuição da vacina, num momento posterior, o que vai exigir novos equipamentos e muita escala. Além disso, percebemos que o crescimento da nossa indústria farmacêutica só não foi maior por conta do redirecionamento de cerca de 10% das verbas anuais do SUS para o combate à pandemia, o que obrigou o cancelamento de algumas compras de produtos não relacionados.
Diante desse cenário promissor, muitas pessoas se perguntam como entrar nesse mercado, seguem algumas dicas: rastreabilidade é a chave no setor farmacêutico. Sem controle extremo de seus insumos ou equipamentos ninguém se estabelece neste mercado, é preciso investir para alcançar essa performance. Trata-se de um ramo em que não se tolera qualquer contaminação, seja na produção ou no envase. Para isso, algumas normas técnicas devem ser seguidas, como a ASME BPE (EUA), ISPE Baseline and Guidance, ISO 22519 (para a geração de PW e WFI) e European Hygienic Engineering and Design Group (EHEDG).
Com investimentos em qualidade e excelência, podemos ajudar nosso país nesse momento de tão grave crise econômica e sanitária. Afinal, não se trata somente de elevar o PIB de um ou outro setor, e sim de encontrar caminhos para uma imunização plena da população, com perspectivas de uma saúde pública cada vez mais atenta a nossas necessidades e especificidades.
Texto de Hans Paul Mösl (administrador de empresas e gerente geral de vendas da área PFB (farmacêutica, alimentícia e de biotecnologia) da GEMÜ Válvulas, Sistemas de Medição e Controle).
Fonte: Saúde Business